ÍNDIO CARA PÁLIDA OU CARA DE ÍNDIO

01/04/2019

BREVE ANÁLISE DOS DISCURSOS SOBRE A TEMÁTICA INDÍGENA NAS LETRAS DE MÚSICA POPULAR BRASILEIRA

(Texto completo publicado em: Revista Opará: Etnicidades, Movimentos Sociais e Educação, ISSN 2317-9457 e 2317-9465. Paulo Afonso, v. 4, n. 5, p. 35-46, jan./jun. 2016 Acesse: www.uneb.br/opara)

É notória, apesar de pontual, a temática indígena nas manifestações artísticas brasileiras, e é preciso informar que não se trata de arte indígena, mas uma prática artística (literária, musical, poética, cênica, pictórica, visual) produzida pelos não-índios com o intuito de abordar essa temática; o que muitas vezes ocorria de forma jocosa, pejorativa ou simplesmente superficial. Ainda assim, defendemos como importante para se iniciar uma discussão acerca da identificação dos povos indígenas no Brasil, seja por maniqueísmos exploradores e excludentes ou por expedientes de inclusão e empoderadores.

São inúmeros os textos/discursos contidos nas letras da nossa MPB que abordam a temática indígena e/ou a formação do povo brasileiro. Aqui, estão apresentados alguns exemplos, que foram selecionados a partir de critérios como o fato de terem obtido destaques de vendagem em suas épocas, o que sinaliza o maior acesso da população à obra ou por terem marcado um período no cancioneiro popular. Foram abordadas questões relativas à composição textual, como análise semântico-pragmática e questões estilísticas da composição, seguindo as trilhas da análise literária de Souza (2007) e Goldstein (1986), mas o mais importante aspecto que ficou estabelecido para o desenvolvimento das práticas de análise foi o conteúdo da mensagem e os critérios da Análise do Discurso, a partir dos estudos de Maingueneau (1997) e Orlandi (2015).

Arraigada à cultura nacional contemporânea, é possível perceber uma visão maniqueísta do índio que preconiza a dominação por exploração das classes minoritárias em detrimento do ser humano puro e perfeito, protetor da natureza, inspirado no Romantismo do século XIX (...).

Iniciaremos nossa abordagem pela famosa canção "Índia", interpretada por diversos artistas brasileiros. Guarânia paraguaia composta pelo músico José Asunción Flor (1904-1972) e pelo poeta Manuel Ortiz Guerrero (1897-1933), adaptada para o português pelo cantor e compositor paulista José Fortuna (1923- 1983), na interpretação de Gal Costa (Salvador, 1945 - até o presente), em 1969, a música foi um divisor de águas para a popularização das canções chamadas de versões, com forte apelo popular. Abaixo transcrita, a letra em português, fiel ao castelhano paraguaio, aborda a questão da sensualidade da índia, sem nome próprio, em uma manifestação que beira a idealização da mulher em uma comparação com a natureza, em sentido contemplatório, que nos remete perfeitamente à caracterização das obras da fase Indianista do Romantismo Brasileiro, mas especificamente entre as décadas de 1830 e 1850.

A letra nos remete à visão conceitual do indígena como objeto, tanto da submissão como da veneração sensual. A "índia" aqui tem os cabelos negros e os lábios como em "Iracema", de José de Alencar, "a virgem dos lábios de mel", que era também descrita em analogia direta aos elementos da natureza. "Iracema, a virgem dos lábios de mel, tinha os cabelos negros como a asa da graúna. O mel da jati não era mais doce do que o seu hálito" (In: Iracema, ALENCAR, 1865). No entanto, a índia da canção também tem o mesmo fim da índia do romance indianista. Por ser um elemento passivo na história e sem autonomia para reger seu próprio destino, ela tem o mesmo "fim" de Iracema, que se anula enquanto personalidade partícipe de um povo guerreiro ao se entregar à paixão pelo branco Martin, ao ponto de secar até a morte. Embora sejam protagonistas e títulos de seus respectivos textos (a música Índia e o romance Iracema), em ambos os casos, é o personagem masculino e narrador (observador ou onisciente nas narrativas) que tem sua personalidade valorizada. A analogia que essas passagens das narrativas faz é, metaforicamente, a submissão da cultura indígena à força opressora do europeu, do homem adulto e branco. (...) E, no caso de Iracema, há ainda e por fim, a sua inexpressiva morte. A mesma morte que cercou os povos indígenas primitivos, habitantes do litoral tupiniquim quando da chegada dos colonizadores portugueses. O resultado disso foi a extinção da maioria das línguas nativas e o desaparecimento de centenas de identidades étnicas que se perderam ao longo dos séculos, segundo Luciano (2010). Na música, ele (o dominante) vai embora, sem se importar com os sentimentos da índia, ela apenas o serve por mais uma noite ("fica nos meus braços só mais um instante, deixa os meus lábios se unirem aos teus"), em sua despedida, exercendo passivamente o papel de dominada.

Algumas mudanças de percepção da subjetividade indígena surgem a partir da década de 1980. Jorge Ben, antigo nome artístico de Jorge Benjor (Rio de Janeiro, 1945 - até o presente), entregou a responsabilidade de defender a canção "Todo dia era dia de Índio" à musa do desbunde musical que transformou os Novos Baianos em febre nacional: (...) gravada por Baby Consuelo em 1981, no álbum "Canceriana Telúrica" (Ariola, 1981). O sucesso foi imediato, chegando a vender 1.400.000 cópias, recorde absoluto para a indústria fonográfica da época. A melodia, cheia de suingue, mistura samba com rock.

Curumim chama Cunhatã que eu vou contar

Curumim chama Cunhatã que eu vou contar

Todo dia era dia de índio. Todo dia era dia de índio.

Curumim, Cunhatã, Cunhatã, Curumim

Antes que o homem aqui chegasse, as Terras Brasileiras

Eram habitadas e amadas por mais de 3 milhões de índios.

Proprietários felizes da Terra Brasilis

Pois todo dia era dia de índio. Todo dia era dia de índio

Mas agora eles só têm o dia 19 de Abril

Amantes da natureza, eles são incapazes, com certeza

De maltratar uma fêmea Ou de poluir o rio e o mar

Preservando o equilíbrio ecológico Da terra, fauna e flora

Pois em sua glória, o índio. É o exemplo puro e perfeito

Próximo da harmonia Da fraternidade e da alegria

Da alegria de viver! Da alegria de viver! E no entanto,

hoje o seu canto triste é o lamento de uma raça que já foi muito feliz

Pois antigamente todo dia era dia de índio

Todo dia era dia de índio.

A letra da canção de Benjor apesar de aparentar simplicidade por ser repetitiva, contrasta com a sua importância para desmistificação de uma história errônea narrada incessantemente pelos livros didáticos de História do Brasil, quando o homem branco, europeu e católico, chega para catequizar e "salvar" das trevas e do isolamento um povo que necessitava do "arrebatamento" divino. Assim, o arrebanhamento religioso imposto pelo catolicismo romano e a imposição das línguas europeias evidenciaram a ruptura dos "primeiros brasileiros", como diz Pacheco (2014), com suas culturas seculares. A verdadeira história nunca é contada pelos vencidos, mas sempre pelos vencedores e assim foi escrita a História do "Descobrimento" do Brasil. A verdade é que Pindorama já existia, era habitada por milhões de índios que aqui viviam em paz, caçando e cultivando sua terra, em agradecimento à natureza que lhes proporcionava a vida, em comunhão com os elementos da fauna e da flora e, principalmente sem necessidades exteriores. Tudo isso era preciso ser dito e, a década de 1980 foi profícua em letras engajadas e denunciadoras das mazelas nacionais. Mas, é oportuno informar que esse pensamento do indígena puro e perfeito, justo e forte, também é uma característica do século XIX que muito serviu para negar ao índio a condição de autônomo. Por ser puro, o índio deveria ser "protegido" pelos portugueses, por isso, os colonizadores se acharam no direito de tomar o seu território e impor as suas leis. Essa visão romanceada começa a perder fôlego quando surge a possibilidade de enxergar os índios com os "olhos" de hoje. Exemplo disso é o herói sem nenhum caráter da saga "Macunaíma", do escritor e poeta paulista Mario de Andrade, um dos principais expoentes do Modernismo Brasileiro. No romance, o índio é apresentado como mentiroso, preguiçoso, sem escrúpulos. Mas todas essas características negativas foram aprendidas com o "homem branco" (Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. ANDRADE, Mário de, 1928).

Outra possibilidade de se perceber o indígena começava a ser apontada: o índio atual enquanto fruto do processo de miscigenação étnica. Nesse caso, todos seríamos um pouco índios. Em 1979, o cantor e compositor alagoano Djavan (Maceió, 1949 - até o presente) lança um LP que abria com faixa "Cara de Índio", uma obra de arte elaborada de maneira metafórica que continha uma forte crítica sobre a relação de poder entre os homens índios e os não-índios. Onde a situação do índio é de desprezo e subserviência, vivendo de favor em terras alheias. Ao tempo que sabemos que esse expediente é a verdadeira inversão dos direitos, segundo Silva (2015), é inconcebível imaginar o índio sem terras no Brasil de hoje. De letra fácil e recheada de repetições, assim como melodia repetitiva em poucas notas, com pequena tessitura de elevação de tom, o compositor consegue transmitir a mensagem da exploração sofrida pelos povos indígenas através de passagens, como: "Nessa terra tudo dá, terra de índio. Nessa terra tudo dá, não para o índio. Quando alguém puder plantar, quem sabe índio. Quando alguém puder plantar, não é índio".

Índio cara pálida, cara de índio. Índio cara pálida, cara de índio.

Sua ação é válida, meu caro índio. Sua ação é válida, válida ao índio.

Nessa terra tudo dá, terra de índio. Nessa terra tudo dá, não para o índio.

Quando alguém puder plantar, quem sabe índio.

Quando alguém puder plantar, não é índio.

Índio quer se nomear, nome de índio. Índio quer se nomear, duvido índio.

Isso pode demorar, te cuida índio. Isso pode demorar, coisa de índio.

Índio sua pipoca, tá pouca, índio. Índio quer pipoca, te toca, índio.

Se o índio se tocar, touca de índio. Se o índio toca, não chove índio.

Se quer abrir a boca, pra sorrir índio. Se quer abrir a boca, na toca índio.

A minha também tá pouca, cota de índio.

Apesar da minha roupa, também sou índio.

No final da canção, no entanto, todos nós (espectadores, ouvintes) somos brindados com a expressão "Apesar da minha roupa, também sou índio", marcante para os interesses que temos enquanto estudantes da causa indígena, pois, apesar de admitir diversas interpretações, o artista evoca a ancestralidade indígena comum a todo povo brasileiro. Esse arremate de que também somos índios é um importante passo para a construção real da identidade multiétnica que, no Brasil, soa forçado pelos livros didáticos e é ainda uma situação pouco exercida/aceita pela sociedade predominantemente branca, católica e capitalista. Djavan ainda nos brinda com Curumim (Djavan, 1989), cuja letra de difícil compreensão, parece se tratar de uma relação amorosa, mas deixa como principal contribuição à causa indígena o fato de citar diversos povos nativos brasileiros, desmistificando a ideia de uma única identidade indígena nacional. Talvez, o mérito do compositor alagoano nesta canção tenha sido justamente o de deixar claro que era preciso conhecer melhor esses povos que deram origem ao povo brasileiro, enquanto curumins (crianças) que somos nesse Novo Mundo.

O que era flor eu já catei pra dar

Até meus lápis de cor eu já dei G.I. Joe, já dei

O que se pensar eu já dei, minhas conchas do mar.

Ah! Minha flor. Chega de maltratar. O que mais pode agradar a você?

Eu já fiz de tudo. Cadê que adiantou?

Que louco que é o amor? Tem graça viver?

Quando ela fica de mal não quer brincar...

Txucarramãe, Krenacroro Kalapalo, Yawalapiti - iiiii

Kamayurá, Kayabí Kuikúru, Waurà Suyá, Awetí - iiiii

Ainda nos áureos tempos da música brasileira engajada, principalmente na década de 1980, em que tínhamos um inimigo em comum, a Ditadura Militar, surgem letristas geniais como os compositores que marcaram época nos grandes festivais da canção e no movimento da Tropicália. Entre muitos, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque são, sem dúvida, os mais expressivos. Para ficarmos em dois exemplos de canções importantes sobre a temática indígena, sugerimos a leitura de "Um índio", de Caetano Veloso. Nela, o autor insinua a capacidade do indígena enquanto ser preservacionista, que se encontra em patamar de evolução superior ou igual a todos os grandes ídolos não-índios (Muhammad Ali, Bruce Lee). O índio ainda aparece como herói, mítico, justo e perfeito. Outra canção importante que faz uma releitura sobre o índio enquanto elemento natural, mas não plastificado na bolha maniqueísta e idealizante de defensor da natureza, mas sim, enquanto ser humano, atuante em uma comunidade específica e consciente de seu papel na humanidade. Trata-se da música "Índios", de autoria de Renato Russo (Rio de Janeiro, 1960 - Rio de Janeiro, 1996), gravada no disco "Dois" (1986), da legião Urbana e no disco "Avenida das Desilusões" (1989), de Leo Jaime (Goiânia, 1960 - até o presente). Assim, conseguimos visualizar pontos de vista bastante diversos em relação ao indígena (real ou idealizado) nas letras da MPB. No entanto, é no século XXI que essa poesia musical mais se aproxima da visão real do índio brasileiro, pois não busca classificá-lo nem aprisioná-lo a uma única identidade, mas exaltar seu título de primeiro dono da terra, suas etnias variadas e, mais importante, valoriza o ser índio que há em cada um de nós, brasileiros. Mudanças significativas ou fissuras paradigmáticas. Pode-se dizer que o século XXI apresenta uma nova visão da personalidade do índio brasileiro nas canções brasileiras.

Alguns bons momentos de afirmação dos povos tradicionais e de comunidades estereotipadas pela visão simplista e pelo preconceito da sociedade brasileira começam a acontecer a partir do novo milênio e da quebra de paradigmas que toda mudança temporal causa. Muitas coisas mudaram em relação a se pensar sobre o indígena na cultura brasileira de uma forma geral, no entanto essas "fissuras" e até quebras paradigmáticas vêm adquirindo nova força nos últimos anos, a partir de direitos conquistados através de muita luta pelos povos tradicionais brasileiros (índios, quilombolas, negros, umbandistas). Muito dessas vitórias deve-se à tecnologia que universalizou e popularizou as redes sociais que, de uma forma ou de outra, são excelentes veículos de disseminação de informações e à arte.

Destacamos dois bons exemplos de letras compostas a partir do ano 2009 que integram uma longa lista de músicas que evocam positivamente a participação dos indígenas na formação do povo e da nação brasileira: o primeiro, trata-se de uma composição da cantora baiana Daniela Mercury (Salvador, 1965 - até o presente) e que aborda pelo menos os três temas citados: o índio como primeiro proprietário do território, a multiplicidade étnico-cultural dos indígenas brasileiros e o ato afirmativo de sentir-se/ser também indígena devido à miscigenação de três grandes etnias que deram origem ao povo brasileiro. No caso da canção de Daniela Mercury, percebe-se ainda a afirmação do eu feminino como protagonista da história.

Dona Desse Lugar

Desde antes, muito antes do Brasil ser Vera Cruz

Os primeiros habitantes por aqui andavam nus

Os tapuias e yupis, guaranis e pataxós

A aliança mais antiga, avós dos nossos avós

Terra mãe da civilização

De um deus que não era cristão

Fez a vida na floresta esculpida

Onde nasceu a índia Sou índia terena, da pele morena

Abençoada dos povos de lá

Índia, sou índia xavante Da tribo distante: Dona desse lugar

Desde antes, muito antes(...)

Tupiniquins, tupinambás, txucarramães e bororós

A aliança mais antiga, avós dos nossos avós

Terra mãe da civilização De um deus que não era cristão

Fez a vida na floresta esculpida, onde nasceu a índia (...)

Tupinambá, Tupiniquim, Txucarramãe, Guarani, Tupi, Pataxó, Bororó, Caiobá, Xavante

E a composição "Povos do Brasil", do paulista Leandro Fregonesi, interpretada por Maria Bethânia (Santo Amaro, 1946 - até o presente) em 2014. Na letra do samba de roda, nota-se a preocupação de deixar claras as duas informações principais: é grande a diversidade de ovos indígenas no território nacional e somos todos descendentes desses povos nativos.

Quando o samba começou na areia Festa na aldeia de Tupinambá

Fez brilhar a luz da lua cheia Deus Tupã clareia deixa clarear

Jurunas, Guaranis, Caigangues, Caipis Terenas, Carajás e Suruis

Xavantes, Patachós, Apurinãs, Kamayurás Cambebas, Canidés e Cariris

São povos do Brasil donos desse chão Herança cultural do nosso sangue

Eu sou Tupiniquim, sou Caiapó Sou Curumim,

Tumbalalá, Caxinawa, Yanomani

Parintimtim, Tabajara, Tirió, Macuxí, Potiguara, Anambé,

Caxixó, Ticuna, Tuiuca, Bacairí Trenacarore, Calapalo, Canoê, Enawenenawe

Segundo Maingueneau (1997), todo ato discursivo é antes de mais nada um ato político. Sabemos que todo texto explicita ou mantém implícito um "auditório" de intenções que são facilmente ou não percebidos pelos autores/leitores no ato de produção/leitura. A partir dos estudos de Orlandi (2015), pode-se dizer que a leitura é a reconstrução do texto pelo outro e também, segundo Marchuschi (2002), baseadas em teorias bakhtinianas, o texto é organismo em constante mutação. Aqui, analisamos um gênero textual único, pois as letras de música são percebidas apenas no ato de sua execução, seja ao vivo ou gravadas nas mais diversas mídias. No entanto, percebemos que, pelo rádio (emissoras), TV e aparelhos de som em residência e automóveis, a música tem um alto poder de inserção no imaginário popular. A partir das análises nas músicas aqui apresentadas ou citadas e em outras abordadas durante os seminários, percebeu-se que muito da ideologia dominante até o século XX mudou. Podemos defender com segurança profundas fissuras paradigmáticas, principalmente a partir de direitos conquistados nos últimos anos do século XX e início do século XXI, por mulheres, negros, ateus, homossexuais e outros seguimentos sociais denominados minoritários. Atribuem-se essas conquistas à uma maior, embora ainda parcial, democratização da tecnologia, que transformou as redes sociais em importante veículo de acesso à informação e de formação de opinião, assim, consequentemente, também de acesso e disseminação da arte. E a música atinge relativo status nessa seara. Então, ao realizar as análises dos textos aqui exemplificados, percebeu-se a preocupação dos autores em abordar a diversidade de povos indígenas no Brasil, principalmente na tentativa de acabar com o conceito de que os índios brasileiros eram todos tupis e tupinambás, e que a única língua falada era o tradicional ramo do tupi-guarani. Por isso, podemos apontar para muitas "fissuras" e até quebra de ideologias típicas do colonialismo percebidas na MPB da atualidade. Duas considerações são importantes ao término desta fase da pesquisa. Primeiro: a temática indígena vem sendo constantemente abordada no universo artístico brasileiro, principalmente na música popular brasileira, e isto é de extrema importância para estimular a discussão sobre o tema nas escolas e nos ambientes formativos em geral, inclusive nas redes sociais e; Segundo: muitos paradigmas enraizados pela coletividade acadêmico-cultural a respeito dos povos tradicionais e da formação do povo brasileiro têm sido postos à prova, o que possibilitará uma reflexão sobre a formação do povo brasileiro e em especial sobre o indígena, seja no período de colonização portuguesa, seja do índio na contemporaneidade, que habita nossas áreas periféricas, mesmo morando nos grandes centros urbanos.

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